terça-feira, 30 de setembro de 2014

VALE A PENA ASSISTIR!

CELEBRANDO A VIDA E A ESPERANÇA

Há meses atrás assisti a um vídeo encantador e que me levou à vários momentos de reflexão. Recentemente, tive a oportunidade de assisti-lo novamente e não pude deixar de compartilhá-lo dessa vez. Vale realmente a pena assistir!

 

Caso queira saber mais sobre essa animação, clique aqui.

quarta-feira, 26 de março de 2014

VALE A PENA ASSISTIR!

QUANDO UM ABRAÇO ROMPE TODOS OS PRECONCEITOS

Navegando pelo Facebook essa semana, achei por intermédio de um amigo um vídeo bastante interessante publicado no site Awebic há alguns dias.  Lendo a reportagem que antecedia o vídeo, descobri que havia sido publicado um vídeo com desconhecidos selecionados aleatoriamente e que se beijavam pela primeira vez (assista ao vídeo Primeiro Beijo, aqui). 

Inspirados nesse vídeo, o canal The Gay Women Channel no YouTube resolveu produzir um vídeo parecido. Foram convidados homofóbicos para se encontrarem com alguns homossexuais. E o mais interessante, é que pediram para eles se abraçarem. 

O resultado desse surpreendente desse vídeo você poderá conferir abaixo:



A mensagem do vídeo é clara: a sexualidade de cada um não é algo que se transmite por meio do toque. Portanto, abrace mais e seja feliz!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

MÚSICA!

Diante dos absurdos que tenho visto nos últimos meses, dedico a música abaixo para o deputado e pastor Marco Feliciano. Para todo mal há cura!



A CURA
Lulu Santos 

Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura

Existirá
Em todo porto se hastiará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura

E que todos nós nos curemos desse mal chamado Marco Feliciano e sua infeliz "Cura Gay"!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

POESIA, POESIA!


PARA SEMPRE

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

VALE A PENA LER...

A ARTE DE MUDAR

Já faz um tempinho que não apareço por aqui. Talvez tenha sido resultado das constantes mudanças que aconteceram em minha vida nos últimos meses. Aliás, MUDANÇA é exatamente o assunto desse texto.

Em julho desse ano, ao sair de férias, resolvi pensar em minha vida profissional e refletir sobre os rumos que ela estava tomando. Onde eu pretendia chegar? O que eu precisaria fazer para alcançar meus objetivos profissionais? Pensei muito sobre o assunto e percebi que, caso continuasse onde estava, permaneceria no mesmo cargo, na mesmo mesa, ganhando o mesmo salário. Era isso mesmo o que eu queria?

Para mim,minha posição como profissional na empresa, estava bastante confortável, pois sabia que vinha exercendo um bom trabalho. Porém, estava incomodado com o fato de não haver mais a possibilidade de crescimento e eu precisava dar um novo rumo em minha vida urgentemente.

Ao retornar de minhas férias, mais descansado, com a cabeça fresca e pronto para mais um ano intenso de trabalho, resolvi me mexer e correr atrás de meus objetivos. O primeiro passo foi enviar currículos e torcer para que fosse chamado. Apesar de ter pressa, não imaginava que poderia mudar de emprego ainda esse ano e, para minha surpresa, fui convidado a participar de uma entrevista em uma empresa de tecnologia. Foi um processo longo e dividido em três fases. Quando recebi a notícia da aprovação, fiquei muito feliz, mas ao mesmo tempo, fiquei triste por saber que não iria mais trabalhar na Escola e não teria a presença diária dos amigos que conquistei durante os três anos e meio que permaneci lá. No final de agosto, me despedi do meu trabalho para iniciar uma nova jornada no início de setembro. 

Tomar a decisão de mudar de emprego não foi nada fácil. Quando você cria vínculos muito fortes com as pessoas n trabalho, mais difícil será para seguir em frente quando chegar a hora. Eu adorava as pessoas que trabalhavam comigo e adorava meu local de trabalho mas, para crescermos na vida, é necessário que algumas MUDANÇAS sejam realizadas. 

A escolha do novo emprego não poderia ter sido melhor. Novos ares, novo aprendizado, é mais perto de minha casa e parece que meu lado criativo voltou a funcionar melhor do que nunca!

No meio desses acontecimentos, houve a mudança de residência do meu amor, que saiu da casa dos pais para morar sozinho. Apesar da mudança não ser minha, toda a minha rotina de final de semana foi alterada, mas pense que foi para pior, pelo contrário, melhorou muito!

Antes da mudança de casa, nos víamos sempre nas sextas-feira por algumas poucas horinhas e no sábado a mesma coisa. Hoje, saio com mala de casa praticamente toda sexta e só retorno no domingo. Dá para namorar muito, assistir filmes, jogar no iPad, receber os amigos etc. É tão bom ficar juntinho sem precisar ficar olhando o relógio preocupado com as horas... Estou adorando essa minha nova vida!

Algumas semanas depois da mudança do meu amor, meu pai resolveu fazer uma pequena reforma em casa. Foi decidido que deveria ser colocado piso nos quartos. Ficou lindo, mas como toda obra, foi impossível não gerar transtorno. Os guarda-roupas foram desmontados e remontados na sala, todos os itens que estavam nos armários, foram realocados em várias partes da casa e, quando precisávamos de algo, era um tormento encontrar. Era poeira pela casa inteira e para trocar de roupa, era preciso fazer toda uma manobra.

O piso foi colocado, as paredes foram pintadas e os guarda-roupas foram remontados. No caso dos meus pais e de minha irmã, os itens que moravam nos armários, voltaram para lá quase que sem problemas, porém no meu caso, todas as coisas ficaram empilhadas em um canto do meu quarto para que, com calma, eu pudesse olhar e jogar fora o que deveria ser descartado e guardar apenas o que realmente fosse necessário.

Em minha família parece que temos adoração por guardar coisas. Só de coisas que estavam em meu guarda-roupa, foram jogados fora 5 sacos de lixo daqueles GG cheios de papel. Dentro dele havia 17 anos da minha vida acadêmica. Meus textos e desenhos da EMEI ao Fundamental 1, as matérias, trabalhos e provas do fundamental 2 e Ensino Médio, material dos tempos de cursinho e as matérias, cópias e apostilas da faculdade. 

Ao olhar tudo aquilo, me fiz a seguinte pergunta:

Com qual finalidade guardei tanta coisa por tanto tempo, sendo que nunca peguei esses materiais? O que eu pretendia fazer com isso?

Simplesmente não encontrei a resposta e resolvi jogar tudo no lixo sem dó nem piedade. Apenas os desenhos de quando eu era criança e os textos, foram fotografados. As apostilas da faculdade, foram guardadas por conter muitos textos difíceis de encontrar.

Antes da reforma, eram seis caixas grandes, cheias de materiais e outras tranqueiras. Após a reforma, das seis caixas, apenas uma sobreviveu. Tenho tanto espaço em meu guarda-roupa, que me sinto leve agora, parece que todo aquele passado que ficava guardado, saiu de cima das minhas costas e agora posso caminhar livremente.

MUDEI meu pensamento, eu precisava jogar fora aquilo que fazia parte do meu passado. Tudo o que vivi, ficará marcado para sempre em minha memória. Os papéis se foram, mas a as lembranças, jamais serão apagadas. 

Finalmente tirei o velho para abrir espaço para o novo.

Pesquisando no dicionário online Priberam da Língua Portuguesa, a palavra MUDAR, significa:


1. Fazer ou sofrer alteração. = ALTERAR, MODIFICAR, TRANSFORMAR ≠ CONSERVAR, MANTER
2. Variar de habitação ou residência.
v. tr. e intr.
3. Tirar de um lugar ou posição para outro. = DESLOCAR, MOVER, TRANSFERIR
4. Substituir, trocar.
5. Dispor ou apresentar-se de outra forma. = MODIFICAR, RENOVAR
6. Dar outra orientação, direção ou sentido. = REDEFINIR, REDIRECIONAR
7. Estar na muda (da pena, da pele etc.).
v. intr.
8. Cambiar, variar.

Eu mudei, modifiquei, me transformei, desloquei e movi coisas, troquei, renovei, redirecionei. Esse ano foi um ano de muitas mudanças positivas. tenho certeza que lá no dia 31 de dezembro, quando for fazer as contas de 2012, o salda será positivo. É claro que nem sempre mudanças são boas, mas às vezes ela se faz necessária e temos que encará-la de frente. 

No meu caso, eu só tenho que agradecer por tudo o que ocorreu até o momento, pois todas as mudanças foram excelentes e vieram no momento certo. 

Sei que mudar dá medo, mas devemos sempre tentar combater esse sentimento e ir em frente. Vai que dá certo! E se não der, mude novamente até acertar!

Wagner Batizelli

domingo, 16 de setembro de 2012

VALE A PENA LER...

SER FELIZ NÃO TEM PREÇO!

Hoje, ao fazer uma reflexão sobre minha vida, percebi o quanto sou grato por tudo que tem acontecido comigo nos últimos doze meses. O que vou contar a seguir, não é uma história qualquer, é uma história de felicidade, de amor e que ainda não possui um final. Afinal, ela ainda continuará sendo escrita por muitos e muitos anos.

Depois de nos encontrarmos pela primeira vez no dia 7 de setembro de 2011, após dois encontros, o convidei para ir ao teatro. Era 16 de setembro, há exatamente um ano atrás. Íamos assistir a uma peça no Teatro do SESI, na Avenina Paulista. Ao chegar na bilheteria, para minha surpresa, os ingressos estavam esgotados. Resolvemos, então, ir até o Espaço Unibanco para assistir algum filme, mas não nos interessamos por nenhum. De lá da Rua Augusta, seguimos para o cinema do Shopping Frei Caneca. Mas lá também não estava passando nada de interessante.

Confesso que fiquei muito frustrado e não consegui evitar que ele percebesse que eu havia ficado chateado com a situação. Poxa, planejei este programa com tanto carinho e tudo acabou dando errado! Ele resolveu me abraçar para me consolar. Aqueles olhos grandes, verdes e brilhantes, pareciam mais irresistíveis como nunca! Quando recebi seu abraço, senti algo diferente e não pude evitar: aconteceu nosso primeiro beijo. O único detalhe desse caso, é que foi um beijo roubado. Foi ali, naquele exato momento, que teve início a nossa linda história de amor.

No dia que tudo havia dado errado, foi o dia que tudo deu certo. Andamos e jogamos conversa fora durante várias horas. Sem dúvida, foi a melhor opção para aquele dia. Retornei para minha casa pisando nas nuvens...

Os dias que se seguiram, foram os melhores possíveis e os finais de semana seguintes, foram os melhores ainda. O beijo roubado deixou de ser roubado, passou a ser apaixonado.

Alguns meses se passaram e ainda não estávamos namorando oficialmente. Ele insistia em dizer que estava apenas comigo e, dessa forma, não havia a necessidade de se pedir em namoro. Mas quando completamos três meses, as coisas mudaram.

Planejamos passar um momento juntos. A noite estava linda, perfeita para namorar. Neste dia, dançamos “From this moment” e, em seguida, ganhei uma caixinha com um coração dentro. Lá, estava escrita a seguinte frase: “Para cada pedido de namoro não aceito, há um coração dizendo: SIM!”. A partir daquele momento, era oficial, estávamos namorando! Meu coração era só felicidade...

Os meses seguintes passaram depressa, logo chegaram as comemorações de seis meses. Preparei uma grande surpresa para ele, porém o que tinha planejado não iria dar certo. A loja que comprei as alianças, não conseguiria me entregar em tempo. O jeito foi adaptar meu plano.

Era uma sexta-feira e como de costume, saí mais cedo do trabalho. Passei na floricultura e comprei um saco com pétalas de rosas. Fui até o local que passaríamos a noite e fiz um grande coração em cima da cama. No meio dele,  coloquei uma caixa com um porta-retrato e uma foto nossa. No chão em volta da cama, enchi de pétalas. Quarto pronto, tomei um banho e saí correndo ao encontro dele. Jantamos e nos dirigimos para o hotel. Quando abri a porta e o fiz entrar no quarto, ele exibiu um enorme sorriso de surpresa e felicidade. O presente foi recebido com grande carinho.

Dias depois, peguei as alianças e, numa tarde de sábado, continuei a surpresa. Pedi para que ele fechasse os olhos e estendesse as mãos. Por não gostar de surpresas, a cara que ele exibia era de desconfiança e ao mesmo tempo de nervoso. Ao perceber o que era o objeto em suas mãos, ele me devolveu, colocou as mãos no rosto, ficou bravo comigo porque eu não o havia consultado, e ainda segurou o choro. Fiquei tenso, mas segurei a onda. Alguns minutos se passaram e ele, finalmente, pegou a caixinha para ver. Elas brilhavam como aqueles lindos olhos. Coloquei a aliança em seu dedo e ele fez o mesmo comigo. Era lindo perceber o quanto estava emocionado.

Os meses seguintes transcorreram da melhor maneira possível, Deus foi maravilhoso comigo ao me presentear com uma pessoa tão íntegra e maravilhosa.

Chegou o dia dos namorados. Nesta data comemorativa, foi um dia de trocas de presentes e um momento para celebrar o amor. Fomos ao cinema com nossos amigos, ganhei presentes e jantamos. Um dos itens que ganhei, era o meu porta-retrato com nossa foto.

Comemoraremos hoje 1 ano juntos. Não sei como será nosso dia, mas tenho certeza de que será um dia maravilhoso. Só de estar ao seu lado, me sinto completo. O mundo pode acabar que, com você ao meu lado, eu não me importarei.

Nesses doze meses passamos por muitos momentos, muitos bons, outros nem tanto, mas tenho a certeza de que saímos mais fortalecidos.

Em nossas comemorações mensais de aniversário de namoro, algumas pessoas nos deixaram mensagens negativas, dizendo que tudo isso iria passar. Tenho certeza que todos estão errados. O nosso relacionamento não é baseado em mentiras, ou em uma simples rotina de casal. Nesses doze meses juntos, fizemos muitas coisas, como por exemplo: passar o réveillon na praia longe de sua família, pela primeira vez; ir em exposições; assistir diversos filmes; passear em parques; levá-lo pela primeira vez ao teatro; levá-lo pela primeira vez ao samba e de quebra, vê-lo sambar; escalar o pico ou simplesmente passar o tempo juntos. Relembrei muitos desses passeios com sorriso no rosto e lágrimas de felicidades. Sem você minha vida não teria esse colorido que ela possui hoje.

Nesse nosso aniversário de namoro, eu só preciso agradecer. Agradecer por ter sido escolhido por você, agradecer por ser amado, por ser meu amigo, por ser meu amante, por ser meu cúmplice, por me respeitar, por respeitar meus pontos de vista mesmo quando você discorda, preciso agradecer por você ser sempre VOCÊ!

Obrigado por ter me proporcionado um ano maravilhoso. Farei de tudo para que nosso segundo ano de namoro e os próximos também, sejam melhores do que esse.

Um beijo...

Wagner Batizelli

Ps.: Eu te amo #MPPENMLDU!

domingo, 26 de agosto de 2012

VALE A PENA LER...

CENTENÁRIO DE JORGE AMADO

Nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, na Bahia, filho de João Amado de Faria e Eulália Leal. Aos dois anos, a família mudou-se para Ilhéus, onde o menino passou a infância e viveu experiências que marcariam sua literatura: a vida no mar, o universo da cultura do cacau e as disputas por terra. Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, em veículos como Diário da Bahia, O Imparcial e O Jornal. Na década de 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou direito e travou contato com artistas e intelectuais de esquerda, como Raul Bopp, Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Vinicius de Moraes e José Lins do Rego. Estreou com o romance O país do Carnaval (1931). Durante o Estado Novo (1937-45), devido à sua intensa militância política, sofreu censuras, perseguições e chegou a ser detido algumas vezes. Foi eleito deputado federal pelo PCB em 1945. Entre os projetos de lei de sua autoria, estava o que instituía a liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, conheceu Zélia Gattai, com quem se casou, teve dois filhos, João Jorge e Paloma, e viveu até os últimos dias. Nas décadas de 1940 e 50, viajou pela América Latina, Leste Europeu e União Soviética. Escreveu então seus livros mais engajados, como a biografia de Luís Carlos Prestes e a do poeta Castro Alves, além da trilogia Os subterrâneos da liberdade. Rompeu com o PCB nos anos 1950. A partir de então, sua literatura passou a dar mais relevo ao humor, à sensualidade, à miscigenação e ao sincretismo religioso, em livros como Gabriela, cravo e canela (1958), Tenda dos Milagres(1969) e Tieta do Agreste (1977). Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961, e ganhou prêmios importantes da literatura em Língua Portuguesa, como o Camões (1995), o Jabuti (1959 e 1997) e o do Ministério da Cultura (1997). A partir da década de 1980, passou a viver entre Salvador e Paris. Sua obra está publicada em mais de cinquenta países e foi adaptada com sucesso para o rádio, o cinema, a televisão e o teatro, transformando seus personagens em parte indissociável da vida brasileira. Jorge Amado morreu em 2001, alguns dias antes de completar 89 anos.




TENDA DOS MILAGRES

Rosa sempre chega assim, inesperada, vem de súbito.
Da mesma forma inconseqüente desaparece...
Fuxicos, arengas, xeretices, pois em verdade
Ninguém sabe nada de concreto sobre Rosa.
Rosa brincava com as algas, todos os ventos em seus cabelos.
Todos os ventos, do norte e sul, o vento terrível do noroeste.
Na canoa ancorada ela deitava, a cabeça de fora, o cabelo no mar.
Parecia cabeça sem corpo, saindo d´água, dava arrepio.
Rosa maluca, Rosa do cais, tantas vezes mentias!



NOITE DOS “CAPITÃES DA AREIA”

A cidade dormiu cedo. 
A lua ilumina o céu, vem a voz de um negro do mar  em frente.                                                  
Canta a amargura da sua vida desde que a amada se foi.
No trapiche as crianças já dormem.

A paz da noite envolve os esposos.
O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a morte está próxima.
Os corpos não se balançam mais no ritmo do amor.
Mas no coração dos dois meninos não há nenhum medo.
Somente paz, a paz da noite da Bahia.

Então a luz da lua se estendeu sobre todos,
as estrelas brilharam ainda mais no céu,
o mar ficou de todo manso
(talvez que Iemanjá tivesse vindo também a ouvir música)
e a cidade era como que um grande carrossel
onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia.

Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos,
soltando palavrões e fumando pontas de cigarro,
eram, em verdade, os donos da cidade,
os que a conheciam totalmente,
os que totalmente a amavam,
os seus poetas.